Trânsito faz vítimas de todas as idades, inclusive crianças

Por dia, seis crianças morrem e outras 51 têm sequelas graves em acidentes de trânsito. Eficiência dos equipamentos de transporte deixa a desejar, mas ainda assim devem ser sempre utilizados

Uso de cadeirinha

A legislação obriga o uso de equipamentos específicos para o transporte seguro de crianças em veículos. Mesmo assim, por dia, seis crianças morrem e outras 51 sofrem sequelas graves por acidentes de trânsito no Brasil. Os dados são do levantamento divulgado em outubro pela Seguradora Líder-DPVAT, e leva em consideração as indenizações pagas pelo Seguro DPVAT em acidentes envolvendo crianças de zero a 14 anos, nos seis primeiros meses deste ano. Foram registrados, no período, 1.088 indenizações de morte e 9.268 coberturas por invalidez permanente. Os motivos são vários, dentre eles, a ineficiência dos equipamentos de segurança para transporte de crianças.

Apesar dos números serem ainda assustadores, quando comparados o primeiro semestre de 2014 com o mesmo período de 2013, tem-se uma redução de 27,6% de acidentes fatais (que baixaram de 1.502 no ano passado para 1.088 neste ano). No entanto, as indenizações por invalidez permanente cresceram 24% no mesmo período.

É preciso muita atenção aos pequenos. Utilizar corretamente os equipamentos de transporte como cadeirinha, bebê conforto e acentos de elevação, e prender corretamente o cinto de segurança, são medidas que salvam vidas e evitam sequelas graves. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso da cadeirinha, de acordo com a faixa etária e com instalação correta, reduz em 70% o risco de morte de crianças em casos de acidentes.

Até os 10 anos, as crianças devem estar sempre acompanhadas de um adulto ao atravessar a rua, porque ainda não conseguem calcular a velocidade e a distância dos veículos. Ao caminhar pela calçada, o adulto deve manter a criança do lado de dentro (longe do meio-fio) e, para atravessar a rua, é preciso sempre segurá-la pelo punho.

Automóveis

cadeirinhaO levantamento apontou ainda que carros e motocicletas são os principais responsáveis pelos acidentes com gravidade. No primeiro semestre de 2013, 51% das indenizações pagas envolvendo crianças foram decorrentes de acidentes com carros e 40%, motos. Levando-se em conta os dados do primeiro semestre deste ano, as motos respondem por 48% dos acidentes, na sequência ficam os carros, com 44%.

Os equipamentos de segurança são fundamentais no transporte de crianças em veículos, mas os produtos vendidos no Brasil apresentam desempenho apenas aceitável, de acordo com testes realizados.

Equipamentos de segurança

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) avaliou dez modelos de cadeirinhas para carros comercializados no Brasil. A nota máxima eram cinco estrelas, mas nenhum deles alcançou mais de três estrelas. Os piores desempenhos foram em testes que simulam colisões contra a lateral dos carros. Em três modelos ocorreu forte impacto da cabeça da criança na porta do veículo.

Por isso, a Proteste considera que os equipamentos de segurança para transporte de crianças oferecidos no país têm desempenho apenas aceitável. Ainda assim, sempre se deve transportá-las com eles. Veja abaixo um vídeo dos testes realizados pela Proteste.

Uso de equipamentos pode evitar acidentes com ciclistas

Estatísticas apontam que cinco ciclistas morrem por dia no trânsito brasileiro. Equipamentos de segurança podem evitar ou minimizar a gravidade de acidentes

Use sempre ao pedalar

Principalmente nas grandes e médias cidades do país vem crescendo o número de pessoas que optam por se deslocar de forma mais saudável, e substituem o carro pela bicicleta. No entanto, a falta de estrutura no trânsito tem contribuído para o aumento no número de acidentes com morte de ciclistas.

Segundo estudo do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) baseado em números do Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de cinco ciclistas morrem no trânsito todos os dias. Os números mostram que essas mortes aumentaram em cinco vezes de 2009 para 2013. Para diversos especialistas em trânsito, a falta de infraestrutura adequada para ciclistas é o principal motivo do crescimento de acidentes. É preciso que haja conscientização de motoristas e ciclistas sobre os riscos de não se respeitarem mutuamente.

Equipamentos

A utilização de equipamentos de segurança pelos ciclistas também pode fazer muita diferença. O Conselho Nacional de Trânsito (CNT) diz que são itens obrigatórios nas bicicletas: espelho retrovisor, buzina e adesivo refletivo. Além disso, também é importante que o ciclista use capacete bem preso à cabeça, e, de preferência, com adesivos refletivos, além de luvas e óculos. A instalação de faróis também é interessante, pois, tanto ilumina quanto sinaliza. Usar roupas claras e, se possível, reflexivas é igualmente útil, pois quanto mais visível estiver o ciclista, principalmente à noite, menores serão as chances de um acidente.

Holanda tem ciclovia que brilha no escuro

Ciclovia que brilha - divulgaçãoO projeto da primeira ciclovia que brilha no escuro faz parte de uma iniciativa governamental que objetiva aumentar em 20% o uso da bicicleta nos deslocamentos para o trabalho, nos próximos 20 anos. E mais de metade das viagens para o trabalho já são feitas em bicicletas na Holanda.

Inspirada na obra Noite Estrelada, do pintor pós-impressionista holandês Vincent Van Gogh, a ciclovia passa pela província de Brabante do Norte, onde o artista nasceu, em 1853.

Ciclovia que brilha - divulgaçãoConhecido por trabalhos que brilham no escuro, o designer que idealizou a ciclovia, Daan Roosegaarde, disse que o material desenvolvido é uma pintura eletrônica, e em períodos de pouca luminosidade solar, é possível recarregar o material com eletricidade. A inspiração veio das estrelas de plástico fosforescentes usadas para decorar tetos de quartos de crianças.

No Brasil, ciclovias ainda são luxo

Apesar de ser crescente o movimento pelo uso da bicicleta no Brasil, a extensão das ciclovias ainda está longe do que se encontra nos países desenvolvidos. O Rio de Janeiro tem a maior extensão de ciclovias, são 380 quilômetros. Mas em Paris, por exemplo, são 650 quilômetros. Os deslocamentos para o trabalho feitos por meio de bicicletas já são 5% do total, e há investimentos para que as ciclovias tenham um acréscimo de 700 km (alcançando 1350 km), e responda por 15% dos deslocamentos em 2020.

Em São Paulo, são 149 quilômetros de ciclovias, e o objetivo é chegar a 400 até o fim de 2015. Mesmo com o avanço das ciclovias nas grandes cidades, tanto os governos quanto as empresas ainda enxergam as bicicletas como uma forma de lazer, já que a gestão das ciclovias nem sempre é de responsabilidade da Secretaria de Transportes, e modelos de bikes específicos para cidade ainda são raros, as mais comuns continuam sendo mountain bike.